A infinidade de produtos feitos pelos artesãos chama a atenção de quem visita o Salão do Artesanato da Paraíba, em João Pessoa. E entre os 537 expositores estão alguns com peças idealizadas a partir de materiais inusitados, como ossos, folhas secas, escamas e pedaços de metal. Muitos desses materiais iriam para o lixo, mas, nas mãos de quem tem a criatividade com dom, virou arte e fonte de renda.

Há 40 anos, a odontóloga Maria Josilene de Sousa deixou o consultório para ser artesã. O que para muitos parecia loucura, para ela, foi a união da satisfação profissional com geração de renda. Moradora de Cabedelo, ‘Jô do osso’, como é conhecida, faz brincos, anéis, colares e pulseiras tendo como base restos de ossos bovinos que seriam descartados na natureza. Hoje, ela emprega quatro pessoas, vende em todo o Brasil e exporta para 17 países.

“Eu quem penso o design, cores e modelagem das peças. As pessoas ficam encantadas quando conhecem e nem imaginam do que é feito. A minha venda é mais no boca a boca e o ano inteiro tenho encomendas”, falou Jô, que pretende ensinar a arte que sabe para os índios Waraos, que saíram da Venezuela e estão na Paraíba. “Eu acredito no potencial das pessoas, assim como acreditei no meu. Quando você tem coragem, você vai longe”, reforça a artesã.

Direto do ferro velho

Quem também tomou coragem para ter o artesanato como profissão foi Marcos Duarte, que trabalha com confecção de peças decorativas em metal. Segundo ele, pelo menos 80% das peças são feitas a partir de materiais de ferro velho. “Estou com essa atividade há dois anos. Trabalhei por quase 20 anos em uma gráfica, mas sempre gostei de artes manuais, de desenhar, desde criança. Eu sentia que era isso que eu queria fazer”, diz o artesão, que produz peças para decoração de ambientes internos e jardins.

O analista técnico do Sebrae/PB, Jucieux Palmeira, destacou a assistência que a instituição disponibiliza aos artesãos em oficinas, consultorias, sempre buscando agregar a criatividade, o desenvolvimento econômico e a sustentabilidade. “O Sebrae Paraíba vem desenvolvendo um trabalho muito forte com os artesãos, através das consultorias, para poder desenvolver esses trabalhos. Então, tem sido um modelo social, econômico e ambiental com essas produções sustentáveis. Quando estamos nos laboratórios, nos permite uma análise mais precisa para comparar os resultados obtidos em cada trabalho desenvolvido nas consultorias. O trabalho apresenta três partes: o artesanato e o meio ambiente com a preocupação com o contexto local e suas raízes; o desenvolvimento do artesanato sustentável, abordando o artesanato e sua relação com a natureza e o conhecimento dos artesãos com a assistência dos consultores para desenvolver esse trabalho”, explicou o analista.

Passando as férias em João Pessoa, a carioca Marina Fortes ficou encantada com as peças disponíveis no Salão. “Eu amo artesanato e minha casa tem muitas peças. É impressionante a criatividade dessas pessoas em transformar coisas que iriam parar no lixo, em arte”, falou.

Programação cultural

Para animar os visitantes, o Salão do Artesanato da Paraíba conta diariamente com apresentações culturais, sempre a partir das 18h30. Nesta sexta-feira (20), haverá um show com a cantora Val Donato. No sábado (21), a atração será Lua Isa. Já no domingo, o cantor Sócrates anima o público.

Serviço

A 35ª edição do Salão do Artesanato acontece na Avenida Cabo Branco, nº 2.260, na orla do Cabo Branco, até o dia 5 de fevereiro. Os visitantes podem acessar o local das 15h às 22h, diariamente. A entrada do salão é gratuita. Contudo, quem quiser, pode doar um quilo de alimento não perecível que será distribuído para cerca de 30 entidades que atendem pessoas em vulnerabilidade social em todo o estado.