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Nordeste colhe frutos de novas medidas de conservação marinha

Os tubarões-limão são uma espécie de tubarão que se caracteriza pela sua coloração amarelada e pelo seu hábito de formar grandes agregações em áreas rasas e protegidas. Esses animais são importantes para o equilíbrio dos ecossistemas marinhos, pois atuam como predadores de topo e regulam as populações de outras espécies.

No entanto, os tubarões-limão também enfrentam diversas ameaças, como a pesca predatória, a perda de habitat, a poluição e as mudanças climáticas. Esses fatores levaram a um declínio populacional da espécie no início dos anos 2000, especialmente no Atol das Rocas, uma reserva biológica localizada no Rio Grande do Norte, que abriga a maior concentração de tubarões-limão do mundo.

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Mas há boas notícias: um estudo recente revelou que o número de tubarões-limão no Atol das Rocas aumentou significativamente nos últimos anos, graças a medidas de conservação e a métodos não-invasivos de pesquisa. A pesquisa foi realizada por uma equipe de cientistas do Instituto Oceanográfico (IO) e do Centro de Biologia Marinha (CEBIMar) da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e está publicada na edição de sexta (13) da revista Ocean and Coastal Research.

Colhendo os frutos da mudança

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores realizaram 462 contagens visuais ao longo de 45 dias, em diferentes pontos das ilhas, horários e tipos de correntes marítimas. Eles observaram a abundância da espécie, o seu comportamento em diferentes estações e as condições de maré na região. Mais de 2.300 indivíduos da espécie foram avistados, o dobro do relatado em 2003.

Os tubarões-limão atuam como predadores de topo e regulam as populações de outras espécies.

Segundo Ana Laura Tribst Corrêa, autora do estudo e atualmente pesquisadora de projeto vinculado ao CEBIMar-USP, esse aumento pode ter uma origem multifatorial. “Um dos motivos pode ter sido a proibição de um tipo específico de pesca, que consiste na remoção das nadadeiras do tubarão-limão e posterior devolução da carcaça do animal para o mar”, explica.

Esse tipo de pesca é praticado por pescadores que vendem as nadadeiras para o mercado asiático, onde são usadas para fazer uma sopa considerada afrodisíaca. A carcaça do animal é descartada no mar, causando um desperdício e um desequilíbrio na cadeia alimentar. A proibição dessa prática foi estabelecida pelo Ministério da Pesca e Aquicultura em 2012.

Reprodução e assistência

Outro motivo que pode ter contribuído para o aumento dos tubarões-limão no Atol das Rocas é uma flutuação natural no número de fêmeas em idade de reprodução ou como decorrência da diminuição de trabalhos de pesquisa com métodos invasivos, que assustavam os animais, comuns na região no começo dos anos 2000.

Os métodos invasivos são aqueles que causam incômodos ou perturbações aos animais e ao ambiente, como a captura, a marcação ou a coleta de amostras biológicas. Esses métodos podem gerar estresse, ferimentos ou até mesmo a morte dos animais. Por isso, os pesquisadores optaram por usar métodos não-invasivos, como as contagens visuais, que permitem observar os animais sem interferir no seu comportamento natural.

Corrêa destaca que, além de serem mais baratas e simples, essas estratégias ajudam a proteger as espécies marinhas durante estudos sobre ecologia, comportamento e uso de habitat.

Os dados coletados vão servir para que o status de conservação do tubarão-limão seja atualizado e para que novos planos de proteção sejam efetivos. Hoje, devido ao seu declínio nas últimas décadas, a espécie consta como vulnerável na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional Para Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN), que informa sobre a conservação de seres vivos no planeta.

“Esses resultados nos dão a esperança de que a população desses animais esteja, possivelmente, aumentando, mas só poderemos afirmar, com certeza, com a continuidade da coleta de dados”, conclui Corrêa, que concedeu entrevista à Revista Galileu.

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