Raul Seixas é considerado o pai do rock brasileiro, mas antes de se consagrar como cantor e compositor, ele teve uma experiência marcante como produtor musical. Contudo, em 1972, ele conseguiu gravar uma de suas músicas para concorrer no VII Festival Internacional da Canção. Incentivado pelo produtor Marcos Mazolla, ele convidou um de seus ídolos, o paraibano Jackson do Pandeiro, para participar da gravação de uma de suas músicas que hoje é um dos clássicos de sua obra: o rock-baião “Let me sing, let me sing”.
Jackson do Pandeiro era um dos maiores nomes da cultura ordestina naquele momento, conhecido como o Rei do Ritmo por sua habilidade com o pandeiro e sua mistura de gêneros como baião, coco, xote, samba e rock. Em 1960, ele havia gravado “Chiclete com Banana”, uma canção que sintetizava a proposta de fusão cultural que Raul Seixas buscava em sua obra. Na letra, ele dizia: “Eu só boto bebop no meu samba/Quando Tio Sam pegar no tamborim/Quando ele pegar no pandeiro e no zabumba/Quando ele aprender que o samba não é rumba”.
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Raul Seixas era um admirador de Jackson do Pandeiro e sabia da importância dele para a música brasileira e a fusão de estilos que ele estava procurando. Por isso, quando soube que ele estava sem contrato com nenhuma gravadora e fazendo bicos como instrumentista de estúdio no Rio de Janeiro, ele não perdeu tempo e foi até ele para fazer o convite. Jackson aceitou e levou seu conjunto Borborema para acompanhar Raul na gravação de “Let me sing, let me sing”, uma canção em inglês e português que falava sobre a liberdade de expressão e a resistência à opressão.
Parceria que rendeu mais músicas
A parceria entre Raul Seixas e Jackson do Pandeiro não se limitou a essa gravação. Em 1976, Raul voltou a chamar Jackson para participar de seu disco “Há 10 mil anos atrás”, no qual ele cantou a música “Os números”, uma reflexão sobre a origem e o destino da humanidade.
O dia em que Raul Seixas e Jackson do Pandeiro se encontraram para gravar um clássico da música brasileira foi um momento único na história da nossa cultura, que mostrou a admiração mútua entre dois grandes artistas de diferentes gerações e estilos, mas com uma mesma paixão pela música. Essa histórica icônica está registrada no livro Não Diga que a canção está perdida, do jornalista Jotabê Medeiros.
Morte de Raul Seixas completa 34 anos
E neste dia 21 de agosto, milhões de fãs Brasil afora prestam homenagem a Raul Seixas pelos 34 anos de sua partida. O cantor está sepultado no Cemitério Jardim da Saudade, em Salvador, e seu túmulo recebe frequentemente visitas dos admiradores, em especial datas como estas quando dezenas de pessoas comparecem para cantar músicas de Raul e relembrar sua importância para a música brasileira.
Por que é tão necessário conhecer a obra de Raul Seixas?
- Raul Seixas: pioneiro e influente do rock brasileiro
- Criatividade, diversidade, inteligência e provocação na sua obra musical
- Carreira musical: da banda Os Panteras à carreira solo
- Sucessos como Ouro de Tolo, Mosca na Sopa e Metamorfose Ambulante
- Parcerias com Paulo Coelho, Marcelo Nova, Sérgio Sampaio, dentre outros
- 17 discos lançados e disco de ouro póstumo
- Prêmios e homenagens recebidos
- Cultuado e querido pelos fãs
- Reeditado, reinterpretado e estudado por pesquisadores e admiradores
- Influencia gerações de músicos e fãs até hoje
Qual a importância de Jackson do Pandeiro para a música brasileira?
Jackson do Pandeiro foi um dos maiores artistas da música brasileira, que se destacou por sua versatilidade e criatividade. Ele nasceu em 1919, na Paraíba, e começou a tocar pandeiro com sua mãe, que era cantora de coco. Ele se mudou para Campina Grande, onde trabalhou como engraxate, padeiro, pintor e animador de pastoril. Ele adotou o nome artístico de Jackson do Pandeiro em homenagem ao astro americano Jackson do Violino.
Jackson do Pandeiro se mudou para o Rio de Janeiro em 1953, onde iniciou sua carreira de sucesso na rádio e na TV. Ele gravou mais de 140 discos, com diversos ritmos nordestinos, como baião, xote, xaxado, coco, arrastapé, quadrilha e marcha. Ele também incorporou elementos do samba e do forró em suas composições. Ele ficou conhecido como o Rei do Ritmo, por sua habilidade de sincopar as palavras e os sons. Ele influenciou vários artistas, como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Alceu Valença e Lenine.
Jackson do Pandeiro morreu em 1982, em Brasília, vítima de complicações de diabetes. Ele deixou um legado de mais de 400 músicas, que retratam a cultura e a história do Nordeste e do Brasil. Ele é considerado um dos maiores ícones da música popular brasileira.