09 / 05 / 2024

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InícioJanaína Araújo - Na casa dos 50Não, eu não faço nada para ser mais jovem

Não, eu não faço nada para ser mais jovem

O Movimento Ageless generation – mulheres eternas e sem idade e suas variações conceituais como o Elastic Generation ou Geração Elástica sobre as mulheres que após os 50 anos continuam ativas, trabalhando e com vida sexual em plena força invade a minha vida com discursos prontos sobre as novas formas de envelhecimento feminino.
Fico pensando, afinal, o que está por trás dessa maneira de ver e pensar o mundo mais fluido e líquido de mulheres atravessando a meia-idade que assumem suas rugas e cabelos grisalhos, tênis e calça jeans, mas não parecem a idade que têm?

A primeira questão que me afeta é que pela primeira vez na História estamos vivendo mais tempo e muito mais gente está entrando na fase da maturidade impactando o mercado de trabalho, espaços públicos e relacionamentos. Segundo IBGE, o número de idosos deve superar o de jovens no Brasil em 2060. Sinto também que quem olha bem de perto para esta revolução do Ageless é o mercado que cria estereótipos e bens de serviços, beleza e bem-estar para um público latente que compra a ideia da eternidade. No Brasil, o público de 50 a até mais 75 já movimenta mais de R$ 2 trilhões por ano.

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Neste contexto de pressão social e de mercado, faço uma declaração de que preciso resistir e negar os rótulos que continuam dando importância demais à idade. Considero isto um pequeno ato de coragem contra qualquer tipo de discriminação, pois quando escuto você não tem idade me soa mais como: “como incomoda que te lhe lembre a tua idade, entao, receba, mulher sem idade, olha como você está bonita, venha aqui consumir muito mais essa sua nova fase de eterna juventude”.

Gostar de namorar, trabalhar, curtir viajar, fazer novos cursos, dançar e aprender novas habilidades não deveria estar ligado a idade, mas a um movimento mais interno de escolha de vida que passa por uma transversalidade e outros fatores socioeconômicos, como grupos sociais que estamos inseridas, se temos companheiros (as), trabalho, se gostamos de viajar ou não, se curto ou não seguir a moda e outras tendências.

Por isso, defendo muito que o discurso das mulheres sem idade é uma grande mentira. E sim, não vou fazer nada para me sentir mais jovem porque sou uma mulher consciente e lúcida da idade que tenho e aos 50 anos talvez tenha um físico e atitude juvenil, mas o que me importa verdadeiramente é me sentir bem comigo e com meu mundo interno – isso significa lidar com minhas emoções, responsabilidade, inquietações, corpo e relações até o fim da vida. A sociedade e o mercado não querem e nem aceitam esse tipo de liberdade interna porque essa suposta juventude eterna serve apenas para a questão física e para que me vendam coisas. Prefiro minha sabedoria e plenitude do que rótulos. Sim, eu tenho a idade que tenho e escolho me sentir assim. Bem.

Coluna – Na casa dos 50

Janaína Araújo
Jornalista, mestra em Comunicação pela UFPB e doutoranda em Ciência da Informação. Gosta de meditar e não aceita rótulos.

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