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Paraíso no Nordeste já tem bares e restaurantes que aceitam Bitcoin

0A Vila de Jeri, no Ceará, é uma das regiões do Brasil que aceitam o bitcoin como forma de pagamento

A apreciação do bitcoin (BTC) ao longo de 2023, ultrapassando os 100%, e as expectativas de futuros aumentos não apenas abrem oportunidades de investimento para os entusiastas das criptomoedas, mas também oferecem aos investidores a possibilidade de economizar em suas compras diárias nas lojas das cidades brasileiras, utilizando os saldos mantidos em suas carteiras.

Embora a aceitação do bitcoin pelos estabelecimentos ainda seja limitada, já existem regiões no Brasil onde essa forma de pagamento se tornou uma realidade. Isso é evidente em Jericoacoara, um dos principais destinos turísticos do Ceará. Nessa pequena vila com aproximadamente 3 mil habitantes, onde se concentram hotéis e restaurantes da região, turistas e moradores conseguem adquirir uma variedade de produtos e serviços usando a moeda digital em 31 estabelecimentos que a aceitam.

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A iniciativa chegou às areias de Jeri em setembro de 2021, trazida por Fernando Motolose, idealizador do projeto e CEO da Bitcoinize.com, empresa responsável pelas maquininhas de pagamento em BTC. A inspiração para o projeto surgiu logo após o bitcoin se tornar a moeda oficial de El Salvador, país da América Central. Motolose comenta: “Descobri como o sistema de pagamento estava funcionando por lá e decidi replicar em Jericoacoara.”

Contudo, para viabilizar o projeto, foi necessário instruir os moradores locais sobre a dinâmica do bitcoin tanto como meio de troca quanto como investimento. A partir desses esclarecimentos, as vendas realizadas em BTC passaram a ser armazenadas nas carteiras de investimentos dos comerciantes, sendo os saques realizados apenas durante períodos de valorização da moeda digital. “Os comerciantes foram orientados a guardar os bitcoins para o futuro”, sublinha.

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Com essa abordagem, o comércio local encontrou uma maneira de obter ganhos ainda mais expressivos nos serviços turísticos. Wando Prado, sócio da VPXTravel, conseguiu equilibrar as contas do seu negócio, que oferece serviços de transfer, passeios e reservas em hospedagem, durante a baixa temporada, compreendida entre os meses de fevereiro a junho. “Utilizo o BTC como uma forma de poupança, e foi essa reserva de bitcoin que salvou o mês”, afirma Prado. A decisão de converter os ativos da carteira ocorreu em julho, quando o bitcoin estava avaliado em R$ 140 mil.

Embora o empresário não tenha revelado o montante exato obtido com a conversão da receita acumulada em BTC para reais, ele destacou um acréscimo de cerca de 25% no retorno, impulsionado pela recente valorização da principal criptomoeda. “Eu obtive lucro recentemente. Meu serviço custou R$ 100 para o cliente que pagou em BTC. Ao converter meu saldo para reais, recebi R$ 125 pelo mesmo serviço”, revela Prado.

Outro empresário, Matheus Serpa, incorporou a moeda digital como opção de pagamento em sua loja de roupas e artigos de artesanato. A primeira transação ocorreu em outubro de 2021, no valor de R$ 40, mas a popularização do bitcoin na região resultou no crescimento das receitas em criptomoedas, que agora representam aproximadamente 1% do faturamento do negócio. “Durante a alta temporada, conseguimos faturar R$ 15 mil em bitcoin. Os turistas brasileiros são os que mais utilizam o BTC para fazer compras em Jeri”, afirma Serpa.

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Como funciona

  • Maquininha de Conversão: Os estabelecimentos contam com uma maquininha responsável pela conversão dos preços em reais para o bitcoin, semelhante às que aceitam cartão de crédito.
  • Segunda Camada do Bitcoin: As transações financeiras na moeda digital ocorrem na segunda camada do bitcoin na rede blockchain, conhecida como Lightning.
  • Menores Custos e Maior Rapidez: A infraestrutura, segundo Fernando Motolose, CEO da Bitcoinize, oferece menores custos e mais rapidez no processamento dos pagamentos. Ele destaca que os custos para transações na rede principal são atualmente os mais altos do ano, chegando a US$ 35 por transferência.
  • Necessidade de Carteira com Suporte à Lightning: Para utilizar essa infraestrutura, os bitcoins precisam estar guardados em uma carteira de investimentos com suporte para a Lightning. Nem todas as corretoras possuem acesso a essa tecnologia, sendo a Binance um exemplo de plataforma que oferece esse suporte, conforme explica Vinícius Bazan, diretor de criptoativos na Empiricus Research.
  • Função Social das Maquininhas: Além de otimizar o processo de pagamento e oferecer uma opção aos turistas, as maquininhas exercem uma função social ao aproximar os moradores da Vila de Jericoacoara da realidade do sistema financeiro atual. Isso é especialmente relevante, considerando que a Vila não possui bancos e caixas eletrônicos.

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