Cidades com barreiras aos combustíveis fósseis aumentaram cinco vezes em 2020
O número de cidades que impuseram proibições parciais ou totais aos combustíveis fósseis aumentou cinco vezes em 2020. É o que indica a edição de 2021 do Relatório de Status Global de Energias Renováveis nas Cidades da REN21, o único balanço dos esforços de transição energética das cidades em todo o mundo.
O documento mostra que um bilhão de pessoas já vivem em cidades com alguma meta ou política de energia renovável, mas as cidades brasileiras estão largando atrás nessa corrida.
Apesar dos municípios brasileiros estarem defasados, há dois estudos de caso no Brasil que são motivo de esperança: um sobre Recife (PE), a única cidade brasileira a ter decretado emergência climática (1.852 cidades fizeram essa declaração em todo o mundo); e outro sobre Palmas (TO), que tem uma política consistente de incentivo à energia solar distribuída.
13 cidades no Brasil tinham metas ou políticas de energia renovável (de um total global de mais de 1.300 cidades avaliadas), segundo o estudo. Apesar do número baixo, o relatório destaca que isso cobre 51,6 milhões de pessoas, 28% da população urbana do Brasil.
Entre os destaques estão Belo Horizonte, que estabeleceu uma meta de emissão zero em 2020; Cáceres (MT) e Itu (SP) que atingiram 100% de suas metas para energias renováveis em prédios e operações municipais; São Paulo, que estabeleceu mandatos para a energia solar e eletrificação de transporte público; e Uberlândia (MG), que quase triplicou a geração distribuída de energia solar entre 2019 e 2020, se tornando a cidade líder do país nesse segmento.
“Com seu impacto em escala, as cidades são nossa melhor aposta para planejar, desenvolver e construir um futuro renovável”, diz a diretora executiva da REN21, Rana Adib. Para ela, o potencial dos municípios para uma transformação climática permanece massivamente subutilizado.
“É um trabalho difícil transformar ambições de baixo carbono em realidade em ambientes construídos e densamente compactados. Os governos nacionais devem colocar dinheiro, capacidade e, acima de tudo, poderes legislativos, nas mãos das autoridades locais”.
A compra de eletricidade renovável para as próprias operações municipais é um dos primeiros passos dos líderes locais. Mas de acordo com Adib, isso não é suficiente. Um fator crítico para o sucesso das estratégias climáticas das cidades, segundo o estudo, é substituir rapidamente os combustíveis fósseis por energia renovável no aquecimento e resfriamento, bem como no transporte. Esses setores são responsáveis pela maior parcela das emissões globais, e são melhor abordados a nível local.
“Cidades como Hamburgo, São Francisco e Xangai mostram que quanto mais ambiciosas elas são, mais se pensa em energia renovável em todos os lugares”, afirma Adib. “Esses municípios impõem códigos de construção rigorosos e obrigações de energia renovável. Mas o mais importante seria estabelecer uma data final para o uso de gás, petróleo e carvão“.
Em 2020, 43 cidades haviam feito isso e imposto a proibição de combustíveis fósseis em aquecimento ou transporte, cinco vezes mais do que em 2019. No total, um bilhão de pessoas – cerca de um quarto da população urbana global – vive em cidades com uma meta ou política de energia renovável.
FONTE: ASSESSORIA // JORNAL DA CANA