O semiárido nordestino é uma região que abrange nove estados brasileiros e cerca de 23 milhões de habitantes. É uma área marcada pela escassez de água, pela seca prolongada e pela pobreza. Mas também é uma região de resistência, de cultura e de potencialidades.
Uma das obras mais esperadas pelos nordestinos é a transposição do Rio São Francisco, um projeto que visa levar água do rio mais importante da região para outras bacias hidrográficas que sofrem com a estiagem. A transposição é composta por dois eixos principais: o norte, que vai beneficiar os estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará; e o leste, que vai atender os estados de Pernambuco e Alagoas.
A voz dos nordestinos
A retomada das obras da transposição do São Francisco é motivo de comemoração para os
nordestinos que vivem no semiárido e que esperam há décadas pela chegada da água. Em suas falas, eles expressam sentimentos de orgulho, esperança e gratidão pelo projeto que vai mudar suas vidas.
O mecânico Mário Sérgio de Oliveira trabalha na obra do Ramal do Apodi. Ele mora em Luís Gomes, no Rio Grande do Norte, uma das cidades beneficiadas pelo ramal. Ele diz que se sente orgulhoso por participar de uma obra tão importante para o Nordeste. “Eu me sinto orgulhoso. Além de ser nordestino, estou ajudando a fazer um serviço que vai melhorar nossa região, inclusive na parte da alimentação. Nosso presidente voltou com força total para continuar a fazer obras para chegar água no sertão e realizar o sonho de muita gente”, afirmou.
O presidente a que ele se refere é Luiz Inácio Lula da Silva, que visitou as obras da transposição pela primeira vez em seu terceiro mandato na semana passada. Lula foi o responsável por iniciar o projeto em 2007, em seu segundo governo. Ele esteve nas obras do Ramal do Apodi acompanhado dos ministros da Integração Nacional e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, e da Casa Civil, Rui Costa, e da governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra. Lula destacou que a transposição é um legado de seu governo e que vai levar água a mais municípios do Nordeste. “Mesmo sendo um desejo antigo, foi só em 2007, no meu segundo governo, que começamos esta obra. Voltar aqui, anos depois, é muita felicidade. Vamos levar água a mais municípios do Nordeste”, comemorou o presidente.
Transposição é a libertação do povo nordestino
A garantia de conclusão das obras do Ramal do Apodi até 2025 foi recebida com esperança pelos moradores da região. Gerlândia Moraes, integrante do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e Agricultores e Agricultoras Familiares de São José de Piranhas, na Paraíba, disse que a obra é uma libertação do povo nordestino. “A relevância desse projeto é muito grande, pois a gente segue na seca aqui no sertão. As dificuldades com a falta d ‘água fazem crianças e idosos sofrerem. Eu já vi de perto essa situação. Não li em nenhum livro, nem assisti na televisão”, comentou. “Essa obra é uma libertação do povo nordestino. Agora, graças a Deus e ao presidente Lula, a gente estará livre dessa seca que assola sempre a nossa região”, apontou Gerlândia.
Maciel Aquino, morador de Major Sales (RN), contou que a chegada da água da transposição ao Rio Grande do Norte é um sonho de infância. “Nos anos 70, meu pai já passava para a gente que estava chegando água da Bahia, mas só agora, em 2023, o sonho voltou a ficar próximo”, destacou.
O comerciante Flauberto Silva, de Luís Gomes (RN), também expressou sua gratidão pelo projeto. “Sempre passamos muita necessidade com relação à água, mas agora tenho esperança novamente”, comentou. “E hoje a gente tem uma riqueza que está chegando, que é a transposição do Rio São Francisco. Vai mudar a vida de todos nós”, concluiu.
O que são os trechos complementares da Transposição?
Além dos dois eixos principais, há também os ramais secundários, que são trechos
complementares que vão ampliar o alcance da transposição. Um deles é o Ramal do Apodi, que vai levar água do Eixo Norte para 54 municípios dos estados do Rio Grande do Norte, Ceará e Paraíba, beneficiando cerca de 750 mil pessoas.
O Ramal do Apodi tem 115,3 km de extensão e está dividido em três lotes: o lote 1, que vai da captação no reservatório Caiçara até o reservatório Engenheiro Ávidos, na Paraíba; o lote 2, que vai do reservatório Engenheiro Ávidos até o reservatório São José, no Rio Grande do Norte; e o lote 3, que vai do reservatório São José até o reservatório Santa Cruz, também no Rio Grande do Norte.
A obra do Ramal do Apodi foi iniciada em 2017, mas sofreu atrasos e paralisações por diversos motivos, como questões ambientais, licitações, desapropriações e falta de recursos. Em 2021, a obra foi retomada pelo Governo Federal, com a previsão de conclusão até 2025.
A seguir, apresentamos uma tabela com as principais informações sobre o Ramal do Apodi:
| Lote | Extensão (km) | Investimento (R$) | População beneficiada |
|---|---|---|---|
| 1 | 40,9 | 171 milhões | 250 mil |
| 2 | 39 | 177 milhões | 250 mil |
| 3 | 35,4 | 165 milhões | 250 mil |
| Total | 115,3 | 513 milhões | 750 mil |
Fonte: Ministério da Integração Nacional
Obra que marca a história do Nordeste
A transposição do Rio São Francisco é uma obra histórica e estratégica para o desenvolvimento do Nordeste brasileiro. Ao levar água para regiões que sofrem com a seca e a estiagem, o projeto vai garantir segurança hídrica, qualidade de vida e oportunidades para milhões de nordestinos.
Os nordestinos que vivem no semiárido estão otimistas e orgulhosos com a reta final das obras da transposição. Eles esperam há décadas pela chegada da água e veem no projeto uma chance de mudar suas realidades. Eles também reconhecem e agradecem o esforço do Governo Federal, especialmente do presidente Lula, que iniciou e retomou as obras da transposição.
A transposição do São Francisco é um exemplo de como o Estado pode atuar em prol do bem-estar e do desenvolvimento da população. É uma obra que marca a história do Nordeste.
