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Santo, político e polêmico! Nordeste festeja 178 anos do nascimento de Padre Cícero

Cícero Romão Batista, marcado na história brasileira como padre Cícero, nasceu no dia 24 de março de 1844, na cidade de Crato, no Ceará. Muitos afirmam que ele nasceu no dia 23 de março, mas não existem evidências disso. Ele era filho de Joaquim Romão Batista e Joaquina Vicência Romana, também conhecida como dona Quinô.

Seu pai era um pequeno comerciante em Crato. Da sua lojinha, Joaquim sustentava sua família, que se completava, ainda, com as filhas Maria Angélica, mais velha, e Angélica Vicência, mais nova. Cícero teve uma infância simples, mas, ainda assim, ele teve acesso aos estudos.

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Ele recebeu educação formal por meio de um tutor, depois se matriculou em uma escola régia, e, por fim, foi enviado para uma escola no sertão da Paraíba. Seus estudos foram interrompidos com a notícia do falecimento de seu pai, quando ele tinha 18 anos de idade. Retornando para Crato, ele, além de lidar com a morte do pai, teve de lidar com a notícia da falência do comércio que sustentava a família.

A historiadora Jacqueline Hermann aponta o fato de que os relatos da vida de Cícero já mostram que, desde pequeno, ele possuía forte ligação com certo misticismo, anunciando que tinha visões e revelações. Foi supostamente em um desses acessos místicos que Cícero teve uma visão de seu pai anunciando que a família não passaria por dificuldades.

Isso de fato aconteceu porque seu padrinho, o coronel Antônio Luiz Alves Pequeno, socorreu a família de seu afilhado no momento de maior necessidade. O coronel, que era um homem riquíssimo, decidiu financiar os estudos de Cícero em Cajazeiras (Paraíba), e depois pagou por seus estudos no Seminário de Prainha, em Fortaleza.

Padre Cícero foi designado capelão para o distrito de Juazeiro do Norte no Ceará, onde começou um trabalho pastoral com pregações e visitas domiciliares.

Restaurou a capela de Juazeiro, comprou imagens e ganhou a simpatia dos moradores, passando a exercer grande liderança na comunidade, que na época tinha 300 habitantes.

Milagre

Um “milagre” ocorrido em 1889 transformou a vida do religioso e da cidade. Ao participar de uma comunhão geral, na capela de Nossa Senhora das Dores, a hóstia sangrou na boca de uma fiel.

Logo a notícia do milagre se espalhou e o fato teria se repetido em público várias vezes. A cidade de Juazeiro passou a receber peregrinos de vários lugares.

Punição

Em 1894, Padre Cícero foi punido com a suspensão da ordem. Dois médicos foram chamados para testemunhar o “milagre” e confirmaram o fato que só fortaleceu a crença do povo.

Padre Cícero foi chamado ao Palácio Episcopal. O bispo mandou investigar e a igreja não aceitou o milagre decidindo punir o padre. Em 1894 foi suspenso da ordem, acusado de manipulação da crença popular pelo Vaticano.

Inconformado e sem poder celebrar missa, Padre Cícero foi ao Vaticano, em 1898, pedir revogação da pena, ao papa Leão XIII. Saiu de lá com a vitória, mas o bispo não aceitou e pediu revisão do resultado.

Vida Política

Sem poder seguir na carreira religiosa, a viagem a Roma só contribuiu para aumentar o prestígio do Padre Cícero. Graças ao fluxo de romeiros, Juazeiro tornou-se importante centro artesanal.

Em 1911 o distrito foi elevado a município e o Padre Cícero foi nomeado prefeito, realizando várias benfeitorias.

Levou para a cidade a Ordem dos Salesianos, doou o terreno para construção do aeroporto, abriu várias escolas, entre elas a Escola Normal Rural, construiu várias capelas, estimulou a agricultura e ajudou a população pobre, nos períodos de secas na região.

Participou da Revolta do Juazeiro, em 1914, junto com grandes coronéis. A revolta foi motivada pela vitória do coronel Marcos Franco Rabelo para governador do Estado com a derrubada de Antônio Pinto Nogueira Accioli.

Quando o novo governador exonerou o padre Cícero das funções de prefeito, o médico Floro Bartolomeu da Costa foi ao Rio de Janeiro para obter de Pinheiro Machado, um influente político, o apoio do governo federal para depor Rabelo.

De volta ao Ceará, Floro comandou um ataque ao quartel da força pública de Juazeiro, em 9 de dezembro de 1913. Era o início da “guerra dos jagunços”, com o apoio do Padre Cícero.

O Santo

Quando a vida pública de Padre Cícero chegou ao fim, seu prestígio de santo deu grande impulso, principalmente depois da revolução de 1930. Era considerado santo e profeta infalível.

Com sua morte, a devoção ao Padre Cícero aumentou. Todos os anos, no dia de finados, uma multidão de romeiros, vinda de várias partes do Nordeste, chega a Juazeiro para visitar o túmulo do santo, na Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.

Em 1969, no alto da Colina do Horto foi erguida uma estátua do padre, com 27 metros de altura, que recebe um grande número de peregrinos. No local foi instalado também um pequeno museu.

Padre Cícero é considerado um “Santo Popular” para muitos fieis católicos nordestinos. É chamado de “São Cícero do Juazeiro”.

Padre Cícero Romão Batista faleceu no dia 20 de julho de 1934, em Juazeiro do Norte, Ceará.

Curiosidade: Caririaçu foi a única cidade onde o Padre Cícero foi vigário de fato e de direito. O cearense do século foi nomeado vigário de São Pedro do Cariry (esse era nome de Caririaçu na época) em 21 de setembro de 1888 e tomou posse em 29 de janeiro de 1889, exerceu essa atribuição até 6 de agosto de 1892.

FONTE: Flavio Pinto News

 

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